sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Roger resgata o melhor do Grêmio

tty
Getty
O time atual tem o espírito que fez do Grêmio um clube apaixonante e vitorioso

Estamos na reta final do ano, o Grêmio aparece bem colocado no Campeonato Brasileiro, tem boas chances na Copa do Brasil, mas ainda é cedo cravar algum eventual título. Porém, já é possível afirmar que a temporada 2015 está ganha. E a grande vitória não vem exatamente dos resultados em campo, embora passem por eles, mas sim da postura. O Grêmio de Roger Machado é grande e resgatou aquilo que de melhor o tricolor teve em sua história.

Desde o inferno da série B em 2005, o Grêmio voltou a ser protagonista no futebol brasileiro. Nessas nove disputas do Brasileirão, foram cinco campeonatos entre os quatro primeiros, com dois vice-campeonatos. Nesta última década, figurar fora do G4 é uma exceção para o tricolor. Porém, desde a saída de Mano Menezes, no final de 2007, o time nunca mais apresentou as características que fizeram a mística da camisa tricolor: nunca desistir, lutar até o último minuto, encarar o adversário com valentia, endurecer o jogo. Nos últimos oito anos, a postura comum do Grêmio foi de fazer bons jogos, bons campeonatos, mas sempre deixando escapar um algo mais e, por consequência, os títulos. O habitual era resignar-se com um resultado adverso, uma certa apatia quando as coisas não davam certo, uma espécie de “OK, chegamos até aqui, fomos bem”. O que aqui no Sul se habituou chamar de “acadelamento”.

O Grêmio de Roger é o avesso disso. Embora seja uma exceção na história tricolor pelo fato de praticar um bom futebol (vamos assumir que o toque de bola não é e nem nunca foi o nosso maior predicado), o time converge com o espírito que fez do Grêmio um clube apaixonado, apaixonante e, sobretudo, vitorioso. Embora tenha deixado uma grande vitória escapar ontem, na Arena Corinthians, nenhum gremista foi dormir triste ou chateado, pelo contrário.

Os últimos resultados vêm sendo bons. Mas não são eles os mais importantes. A postura do time em campo é o que salta aos olhos. A manutenção de um bom padrão de jogo, mesmo com muitos desfalques e com o cansaço da sequência de partidas, conta muito mais.

Mesmo quando o time está extenuado, como no jogo contra o Joinville, no final do primeiro turno, o grupo consegue reagir bravamente. Levou um sacode dos catarinenses no primeiro tempo e poderia ter ido para os vestiários perdendo por dois ou três gols. Levou apenas um e retornou com outro espírito no segundo tempo, pronto para buscar o resultado. E buscou.

Contra o Goiás, foi ligeiramente diferente. O Grêmio dominou todo o primeiro tempo, perdeu um pênalti e sofreu um gol de contra-ataque. Foi para os vestiários perdendo – injustamente, é verdade -, e era um jogo com todas as características que poderiam fazer surgir o “acadelamento”. Mas não. O time voltou a campo consciente do que precisava fazer, e fez. Ganhou com autoridade, em seus domínios. Fez valer a força de sua camisa e história.

Os exemplos citados são de jogos contra clubes que estão no fim da tabela, sei disso. Mas o empate contra o Corinthians, tendo dominado o líder do campeonato em um estádio lotado, em um dos melhores jogos do Campeonato Brasileiro 2015, corrobora com a teoria. Hoje o Grêmio pode encarar qualquer time do Brasil, quem sabe da América do Sul, de igual para igual, seja dentro ou fora de casa. Pode perder, não dá para ganhar sempre, mas a torcida sabe que pode contar com o grupo e sabe que ele dará o máximo em campo, até o último minuto. Ninguém se satisfaz com um empate ou mesmo uma provável derrota.

O recado que o grupo do Grêmio deu ontem foi: “acreditem na gente”.

Eu acredito.

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