Eu poderia escrever
parágrafos e mais parágrafos sobre os lances deste jogaço, o qual foi
considerado a “final antecipada” de um campeonato de pontos corridos.
Poderia citar o excelente futebol de Douglas, que só errou na
finalização, porque participou o jogo todo. Poderia apontar a falha da
defesa no gol que tomamos de um balão lançado para nossa área. Poderia,
inclusive, reclamar do pênalti que Mamute sofreu ou, até mesmo, lamentar
a triste lesão de Geromel. Mas, dentre tudo isso, o que ficou mais
evidenciado, nessa partida, foi a consistência que o time do Grêmio
conseguiu construir após a chegada de Roger.
Não sei se estamos
impressionados com o atual futebol do Grêmio só porque esperávamos muito
pouco do time, ou porque nosso pessimismo nos fizera acreditar que
lutaríamos para não cair. Acontece que eu não lembro – na
particularidade da minha pouca vivência – o Grêmio jogando tão bem assim
nos últimos, sei lá, 15 anos? Coincidentemente com o período sem
títulos, é verdade. Então, talvez seja por isso que estou tão convicta
de que Roger e este elenco vão nos trazer alegrias em breve. O toque de
bola, a velocidade de raciocínio das jogadas, a compactação, a frieza e a
movimentação intensa fizeram do Grêmio um time que jogou muito mais que
o líder do campeonato.
É uma pena que tenham
queimado o termo “futebol europeu” com um técnico uruguaio que mal soube
usar um elenco milionário do rival, porque justamente agora que temos
um treinador que verdadeiramente faria jus ao tal termo, eu não posso
usá-lo neste texto. Mas, tudo bem. Hoje, o Grêmio faz movimentações e
triangulações que eu vejo nos times lá de fora. Mais do que isso, a
movimentação e alternação de posições entre Pedro Rocha/Fernandinho e
Luan na linha de impedimento, e um lateral atuando como ponta, que é o
caso de Galhardo, são estratégias também comuns lá no outro continente.
É claro que o grande
futebol que vimos hoje não se repetiu em todos os jogos. E também é
verdade que a lesão de Geromel foi crucial para a queda de rendimento do
time depois do gol que fizemos. No entanto, não podemos esquecer que a
falta de reposição vai nos acompanhar o ano todo e que, infelizmente,
não termos um elenco nivelado é o principal empecilho para o Grêmio
ainda não ter alcançado o Corinthians na tabela. Mas, devo dizer que,
mesmo sem Luan e com um centroavante fixo, o tricolor conseguiu dominar o
jogo, oferecer mais perigo e construir muitas jogadas. Coisas assim só
acontecem quando o time está muito bem treinado, organizado e consciente
do seu papel tático, porque a boa fase do time não vem da capacidade
técnica de um jogador ou de individualidades, mas sim do coletivo.
O empate foi de bom
tamanho, embora pudéssemos ter saído com os três pontos. No entanto, o
grande potencial que o Grêmio demonstrou e vem construindo na competição
é algo que não deriva de uma simples motivação momentânea, mas de um
futebol que é visivelmente fruto de estudo e conhecimento atualizado de
jogo. Temos capacidade para continuar a focar no líder e, assim,
garantir naturalmente o G4, porque se a “final antecipada” terminou em
empate, só pode significar que depende do próprio Grêmio a busca pelo
topo.
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