terça-feira, 18 de junho de 2013

Diretor da OAS projeta: "O Grêmio vai ficar maior com a Arena" Carlos Eduardo Paes Barreto prevê que parceria entre a empreiteira e o clube será benéfica para as duas partes

Eram 22h de segunda-feira quando Carlos Eduardo Paes Barreto, 40 anos, recebeu de um conselheiro do Grêmio, por telefone, a notícia de que haviam sido aprovadas por unanimidade as alterações no contrato com a OAS. Com um sorriso de satisfação, o diretor superintendente da OAS/Arenas via chegar ao fim uma negociação de cinco meses meses, em muitos momentos marcada por forte tensão, que chegavam a indicar o rompimento da parceria.

— Felizmente, encontramos uma solução orçamentária que dá conforto para todos — resume.

A partir da formalização do novo documento, na próxima semana, passa a correr o prazo de 90 dias, prorrogáveis por mais 90, para que o Grêmio transfira todas as suas atividades para o Humaitá. Cedido à construtora, o Olímpico irá se transformar num complexo imobiliária e comercial, em que será preservada a memória do Grêmio.

— Sou gremista — define-se, com um sorriso, o paulista Barreto.
Confira a entrevista com Carlos Eduardo Paes Barreto:
Zero Hora — Qual sua reação quando recebeu o telefonema informando que o novo contrato havia sido aprovado?
Carlos Eduardo —
Foi de satisfação. Não houve vencidos, nem vencedores. Todos são vencedores.
ZH — Como foi negociar com Fábio Koff?
Carlos Barreto —
Ele sempre reconheceu tudo o que a OAS fez. Nunca entendeu qualquer ação nossa como desleal. Só expôs as dificuldades que teria na cessão onerosa (migração) e nos compromissos pré-operacionais. Quando os empresários sentaram conosco à mesa, vinham com o entendimento de que a discussão não poderia ser politizada. Se fosse um mau negócio, o que não era, isso teria que ter sido discutido lá atrás. Entraram no processo pessoas que acreditavam no negócio e na parceria e se buscou uma forma de viabilizar tanto a Arena como o Grêmio. O Grêmio será maior com a Arena. Paulo Odone e Duda Kroeff também sempre entenderam isso.
ZH — Houve um momento em que a OAS passou a ser vista como uma inimiga do Grêmio. Como vocês reagiram a isso?
Carlos Barreto —
Hoje, já aprendemos como funciona a parte política dos clubes. Com os governos, que também são nossos parceiros, às vezes há uma descontinuidade quando mudam as pessoas. Foi uma discussão filosófica, sempre pensando no clube.
ZH — O que pensaram quando Fábio Koff disse que a Arena não é do Grêmio?
Carlos Barreto —
Foi uma posição muito firme, muito forte, que desencadeava todo o pensamento deles. Foi prejudicial para todo mundo, para o clube, para a Arena e, consequentemente, para nós também. As pessoas contratadas para o projeto sofreram muito nesse período, pois desde 2008 havia se criado uma expectativa muito positiva em torno da construção da Arena. Mas o projeto ficou acima da discussão política. No final, o que se fez foi um ajuste do entendimento da necessidade de curto prazo do clube com nosso entendimento de longo prazo. A longo prazo, esse acordo trará mais resultados do que o anterior.
ZH — Houve o temor de que o contrato fosse rompido?
Carlos Barreto —
A primeira coisa que perguntei ao presidente Fábio Koff foi se o Grêmio estava satisfeito com o contrato, se havíamos deixado de cumprir alguma coisa. Ele falou que não tinha queixa nenhuma, acreditava que nós entenderíamos o apelo do Grêmio. Mesmo com todas as dificuldades de aumento do custo da obra, das discussões com Ministério Público, comunidade, olhamos tudo com olhar de longo prazo. Se olhássemos no curto prazo, poderíamos ter parado. Havia uma cláusula que nos possibilitava sair sem quase nada de multa. Mas sempre reforçamos a nossa aposta no projeto.
ZH — O Grêmio anuncia que passa a ter vantagens que antes não existiam. Qual será a compensação da OAS?
Carlos Barreto —
A partir de agora, o Grêmio cede o preço fixo para a Arena. Passamos a receber menos pela cessão onerosa, mas o valor será compensado com a revenda desses próprio locais. Abriremos para a revenda lugares de preço baixo, que têm uma procura muito alta. Faremos um trabalho conjunto para o crescimento ainda maior do Quadro Social. Os novos sócios serão compartilhados entre Grêmio e Arena, isso é uma diferença brutal. Nosso percentual sobre a venda de imóveis usando a cessão de imagem do clube representará um valor bem superior ao que deixamos de ganhar agora na cessão onerosa. Para o clube, também foi bom, porque obterá um ajuste financeiro a curto prazo. A partir de agora, ninguém mais puxará para o seu lado. Vamos objetivar uma coisa única. O mais importante é que não havia um desequilíbrio financeiro nesta questão. Aparecem números falando em R$ 400 milhões. Não temos folga de R$ 400 milhões num negócio em que já investimos mais de R$ 500 milhões para construir. Se não, fica parecendo que estamos ganhando dinheiro fazendo a obra. Pelo contrário, todo o investimento foi da OAS. Nosso retorno será a longo prazo, em dez, doze anos.
ZH — Será possível realizar a troca de chaves em 90 dias?
Carlos Barreto —
A empresa contratada pelo Grêmio está terminando o seu relatório. Depois disso, veremos quais são as pendências, faremos o cronograma de solução e estaremos aptos a trocar as chaves. Só dependerá da conclusão da área administrativa na Arena. O clube pediu ajuda de investimento para concluir. Nossa ideia é lançar no bairro um projeto maravilhoso. São torres residenciais, torres comerciais e provavelmente um shopping de bairro. Vamos preservar a memória do Olímpico.
ZH — O impasse prejudicou a comercialização dos espaços da Arena?
Carlos Eduardo —
Alguma coisa, sim, sobretudo de patrocinador (naming rights). Havia conversas avançadas com grupos do Brasil e multinacionais, que pararam pela falta de uma solução. Mas isso será resolvido este ano. Já temos contato de locação com empresas que irão para lá. A questão de alimentos e bebidas tem avançado muito. Teremos novidades na retomada dos jogos. Vamos acelerar os patrocínios. Faremos o ano em seis meses. (Mais tarde, durante a entrevista coletiva, Koff disse ter sido procurado para uma empresa interessada em adquirir os naming rights).
ZH — Para quando projetam a implosão do Olímpico?
Carlos Barreto —
Já iniciamos o processo de audiências públicas. Será o mesmo processo que fizemos na Fonte Nova, com algumas empresas estrangeiras. A demolição é em três partes. A primeira é manual, com a retirada das primeiras peças. Depois, ocorre a demolição mecânica e o planejamento para a implosão propriamente dita.
ZH — Em quanto tempo começarão as obras para os empreendimentos imobiliários?
Carlos Barreto
 — Antes da implosão, começaremos a comercialização. Depois do lançamento, a conclusão da primeira torre leva de 30 a 34 meses, dois anos e meio a três anos. No Humaitá, as obras da primeira fase estarão prontas em dois anos. Agora, lançaremos a segunda fase.
ZH — O Grêmio tem participação nos dois empreendimentos?
Carlos Barreto
 — Sim, lá (no Humaitá) e cá (Azenha), nos dois terrenos. Vamos criar uma campanha específica com a imagem dos jogadores, do presidente, benefícios para o clube, brindes na hora da compra.

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