Praticamente selada, a saída de Marcelo Moreno se encaixa no processo de mudança de fotografia aplicado no Grêmio a partir de janeiro. Razões técnicas, disciplinares e até financeiras têm resultado na troca gradual do grupo montado nos últimos anos. Três já saíram e outros três só aguardam o momento de trilhar o mesmo caminho.
O centroavante boliviano agrega todos os fatores que justificam uma dispensa. Primeiro, a comissão técnica constatou uma queda de rendimento. Em busca das causas, descobriu que Marcelo Moreno exagerava nas baladas, hipótese negada com veemência pelo jogador. Por fim, a saída do autor de 22 gols em 2012 atende a uma necessidade de redução nos gastos com a folha salarial.
– Nossa folha é muito alta, tem que ser diminuída. Engordou quase R$ 3 milhões por mês em relação ao ano passado. Gastaremos perto de R$ 100 milhões em salário até o fim do ano. É um quadro dramático, já que o faturamento com a televisão (a maior fonte de receita) é de R$ 53,5 milhões – assusta-se uma fonte ligada ao departamento financeiro.
A rigor, não são precisas as informações sobre os gastos mensais com jogadores e comissão técnica. Há quem fale em uma folha que beira os R$ 11 milhões. Outros cravam R$ 7,9 milhões. Mas admitem que, no valor, possam não estar incluídos gastos com pagamento de comissão a empresários, parcelas de luvas e direito de imagem.
Pessoas próximas ao presidente Fábio Koff negam que ele esteja preocupado com o custo-futebol. Dizem que o dirigente não se incomoda em abrir o cofre para altas remunerações desde que o time corresponda dentro de campo. E esse parece ser um problema. Às vésperas dos jogos que definirão o futuro na Libertadores, a oscilação técnica tem provocado apreensão junto à direção.
Koff, que tem evitado as entrevistas, revela-se um homem de forte presença no vestiário. Os compromissos com a presidência não têm impedido que se invista da função de diretor de futebol e troque ideias com Vanderlei Luxemburgo, em reconhece total competência, sobre o que é melhor para o time.
Quem foi e quem pode ir:
- Marcelo Moreno
Afastado por questões técnicas e disciplinares, não deve ter nova chance. Com contrato até 2015, o Grêmio poderia repassar a dívida de R$ 3 milhões junto ao Shakhtar Donetsk-UCR, referentes à compra dos 70% dos direitos econômicos do jogador, ao seu novo clube.
- Bertoglio
Após sofrer com uma sequência de lesões musculares em 2012, voltou a ser opção no início do ano: participou de seis jogos e marcou três gols. Entretanto, emprestado até julho pelo Dínamo de Kiev, da Ucrânia, tem passe fixado em 4 milhões de euros e não deve permanecer.
- Anderson Pico
Em eterna briga com a balança, foi afastado por estar cinco quilos acima do peso ideal. Desde janeiro, treina em separado. Com contrato até o final de 2014, se não retomar a boa forma, dificilmente receberá nova oportunidade.
- Gabriel
Sem o perfil técnico pretendido por Luxemburgo, treinou em separado por boa parte de 2012 e foi criticado publicamente pelo treinador no início do ano. Rescindiu seu contrato em janeiro e dias depois foi para o Inter.
- Vilson
Zagueiro perdeu espaço após discutir com Luxa durante a preparação para o jogo contra a LDU, em Quito, pela Libertadores. Desde então, passou a treinar em separado. Em fevereiro, foi cedido em definitivo ao Palmeiras.
- Edilson
A exemplo de Gabriel, seu estilo de jogo nunca agradou a Luxemburgo. No começo do ano, foi afastado do grupo e treinou em separado. Gerou polêmica após postar a capa do filme norte-americano "Quero Matar Meu Chefe" no Instagram. Acertou com o Botafogo em janeiro.
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