sábado, 8 de agosto de 2015

A responsabilidade de ser favorito pesou demais


Roger Machado Gre-Nal GrêmioA semana do Gre-Nal havia começado sem muita expectativa para o confronto, tanto pela recente queda de rendimento do time do Grêmio, quanto pelo fracasso dos colorados na Libertadores da América. Entretanto, a crise estabelecida durante a semana no lado vermelho reduziu um time de estrelas a uma equipe completamente fragilizada.

Há algum tempo que o clube do povo ostenta elencos bem mais caros que os do Grêmio, com jogadores de renome. Um status advindo de uma era que foi muito generosa aos que não tinham lá tanta tradição, mas que encontraram a glória das taças. Enquanto, nós, pertencentes ao time acostumado a desbravar o mundo afora muito antes, amarguramos 14 anos que não condizem com a grandiosidade deste clube. Amarguramos, entre outras várias coisas, derrotas humilhantes em Gre-Nais, ao ponto de sermos considerados, por muitas vezes, a zebra do clássico. Tem sido um tempo muito desleal. Ora, não é possível que este tempo nunca acabe! “- Pelo amor de Deus, que a bola puna tamanha arrogância” é o que pedíamos aos céus.

Tal infâmia não poderia durar por muito tempo, uma hora as coisas deveriam se alinhar. E, no atual momento, estamos deparados com uma situação muito inusitada: iniciamos um ano com um elenco jurado de rebaixamento, com uma folha salarial baixa, quase nenhum investimento em contratações e absolutamente nenhum jogador de renome. Enquanto aquele que veste vermelho vivia exatamente o contrário: um elenco de dar inveja a muita torcida, com um técnico de estilo europeu, estando prestes a conquistar o terceiro título da América para, finalmente, após cento e seis anos de uma desesperada luta travada contra a inferioridade, superar o rival. Estava tudo acabado para nós, tricolores. Os céus pareciam não nos ouvir enquanto a bola cada vez mais se dava bem com a #poka humildade.

Mas a noite sempre fica mais escura antes de amanhecer. Toda magia alvirrubra que contaminava as ruas e as mentes de memória curta acabou, assim, num estalar de dedos, como que de uma década para outra. Estavam a um passo do céu e a um passo do inferno, mas a bola puniu os excessos de um clube cegado pela prepotência, tanto dentro de campo, quanto fora dele, colocando os dois rivais em pé de igualdade.

Então veio o dilúvio: a inesperada demissão do técnico Aguirre, a saída de alguns jogadores do elenco e o atraso dos salários anunciado por um jogador deles à imprensa aconteceram às vésperas do Gre-Nal. Propositalmente, por quem cansou e não pôde mais carregar o peso da responsabilidade em vencer esse clássico. A única chance de talvez saírem vencedores seria entrar em campo, domingo, justamente como a zebra da partida.

Sim, foi caso pensado a demissão do treinador, obviamente. Sustentá-lo até o Gre-Nal significaria obrigação de vencer o Grêmio e eles sabem que quando os dois estão em pé de igualdade, a camisa pesa mais para um dos lados. Eles nos devolveram o favoritismo, assim, de graça. Nos despejaram essa responsabilidade. Preferiram se deitaram no chão para tentarem se levantar com uma vitória sorrateira. É mais confortável que entrem como zebras, eles sabem lidar melhor com isso, afinal, ninguém esquece o passado. Nem eles. Nem que eles tentem.

Raciocinando friamente o que se passa dentro das quatro linhas, não somos favoritos a nada. Temos um time que não está conseguindo render o que pode, com inúmeros problemas, tanto no ataque, quanto na defesa. Com muitos ajustes a serem feitos pelo técnico e são coisas que não se corrigem em uma semana. Temos chance de vencê-los, com certeza. Mas a chance de perder é a mesma, pois nosso time não está nem de longe uma maravilha. O que voltou foi o peso da camisa, a inversão da gangorra. Foi nos dada a oportunidade de corrigir o eixo da rivalidade e de nos colocarmos no nosso devido lugar. A bola está ali para o Grêmio chutar. Nós temos a chance de voltarmos a ser os favoritos, mas isso só vai acontecer se vencermos.

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