terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Odone rebate Fábio Koff: "O torcedor pode se orgulhar, a Arena é sua, é nossa"

Durou pouco a convivência harmoniosa entre Paulo Odone e Fábio Koff. A entrevista concedida domingo a Zero Hora pelo presidente eleito, na qual sobraram críticas à parceria firmada com a OAS para a construção da Arena, expôs novamente as diferenças entre as duas lideranças. Nesta segunda-feira, em sua resposta, além de garantir que o Grêmio só lucra com a nova casa, Odone criticou Koff por não dispor do prometido fundo de investimentos, nem do craque cujo nome estaria guardado em um cofre. E disse que a transmissão de cargo, marcada para esta terça, será um mero ato institucional.




— O torcedor pode se orgulhar, a Arena é sua, é nossa casa. Durante 20 anos, como se paga um financiamento, vamos dar 35% do lucro que ela der para OAS. E se não der lucro, não pagamos nada. Esse é o negócio, de forma bem simples — afirmou Odone.





Zero Hora _ O Grêmio levará mesmo 20 anos pagando a Arena, como disse o presidente eleito Fábio Koff?

Paulo Odone _ Só quem se obrigou com o financiamento junto ao BNDES foi a OAS. Se faltar dinheiro para o financiamento, a OAS paga. Não há dúvida sobre isso. O Grêmio receberá a escritura do imóvel da Arena. Como irá pagar isso? Entregando a área do Olímpico e, durante 20 anos, junto com a OAS e com a empresa Arena Portoalegrense, fazer a administração desse complexo todo. Durante esse período, do resultado dessa gestão, restam 65% para o Grêmio e 35% para a OAS. Só vamos entregar o Olímpico quando recebermos a escritura do imóvel. E só receberemos a Arena quando ela estiver 100% concluída e acabada. Não há nenhum risco para o Grêmio.



ZH _ A OAS fica com os direitos sobre a marca Grêmio?

Odone _ O Grêmio não cede nenhum centímetro de sua marca para a OAS. Ela ficou intocada no negócio. A marca nada tem a ver com a Arena, nem com a OAS. Não entendi a alusão que ele fez a marca.



ZH – O Grêmio terá que pagar a OAS R$ 20 milhões anuais para que seus torcedores tenham lugar na Arena?

Odone – Compramos todo o anel superior para colocar os 25 mil sócios que fizeram a famosa migração. Eles vieram para a Arena, ocuparam os lugares mais nobres, trouxeram filhos e parentes. Pagamos R$ 20 milhões para ter esse espaço na Arena. Mas nossa arrecadação, que fechou em R$ 31 milhões no ano passado, subiu para mais de R$ 60 milhões com a migração. Ou seja, vamos pagar os R$ 20 milhões e ainda teremos uma sobra de R$ 40 milhões a cada ano. Esperamos que a próxima direção tenha uma visão futurista, empreendedora, que faça com que a paixão da torcida renda de todas as formas. Não pode pensar negativamente. O pior da entrevista do presidente eleito foi o tom de desestímulo, a crítica a nós mesmos e o elogio ao adversário. Nossa obra é grandiosa, feita por nós mesmos. Melhor, só com a politicagem feita em São Paulo, em que um clube recebeu um estádio de graça do poder público.



ZH _ O senhor teve encontros cordiais com Fábio Koff depois da eleição. Diante disso, sente-se traído com a entrevista que ele deu?

Odone _ De fato, quando nos encontramos, depois da eleição, o tom era cordial. Ele admitiu que a história do jogador no cofre era um marketing eleitoral. Então, brinquei, disse que tinha sido vítima de um estelionato eleitoral, demos risadas. Na campanha, ele disse que haveria um fundo de investidores, que o Conselho Deliberativo só precisaria aprovar uma comissão de finanças que seria presidida pelo Galló ( o empresário José Galló, CEO das Lojas Renner). A comissão supriria o Grêmio para reforçar o plantel e ganhar a Libertadores e o mundo. É frustrante. Não tem fundo de investidores, não tem como estalar os dedos e arrumar R$ 20 milhões, não tem jogador no cofre. Talvez a entrevista dele também tenha tido este objetivo, dizer que não há recursos, que vai ser difícil cumprir a promessa.



ZH _ Como será o clima entre o senhor e Fábio Koff na passagem do cargo?

Odone - O clima será bom, uns 33 graus, pergunta para o Cléo Kuhn (risadas). Vai ser um ato institucional. Vou passar a presidência para ele. Não tenho outra coisa a fazer, a não ser desejar que Deus o ilumine e dê saúde para cumprir as promessas. Não tenho mais nada a fazer.





A fala de Fábio Koff

Relembre trechos da entrevista do presidente eleito do Grêmio, Fábio Koff, aos colunistas David Coimbra, Diogo Olivier e Luiz Zini Pires durante o Papo com Colunistas, publicado ontem em ZH:



"A Arena não é nossa. Vamos levar 20 anos pagando."



"O Grêmio foi lá para a Arena e não cobrou um centavo da marca, que é estimada pelas empresas de consultorias em mais de R$ 500 milhões. O uso e a venda da marca são muito fortes."



Olha o balanço do Grêmio e vê qual a contribuição da Arena na receita do clube em 2013? Num orçamento de R$ 216 milhões, quanto representa a Arena? Não chega a R$ 10 milhões.



"Pelas projeções, a partir o quarto, quinto ano, o novo estádio poderá dar resultados melhores"



"Não tem ninguém com esta dívida entre os clubes do futebol brasileiro. Ninguém fez isto no Brasil. Se fosse tão fácil, os outros fariam. Não fizeram."



"O Internacional está ganhando pelo acréscimo sobre o patrimônio do clube. Ao contrário de nós, que partimos de zero na Arena."



"Não vejo como atingirmos as metas que foram divulgadas num prazo de seis a oito anos. Não há como."

fonte http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/

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