terça-feira, 29 de maio de 2012

De Nova Lima até o Morumbi: o caminho do Grêmio no tetra da Copa do Brasil

os personagens de cada triunfo, relembre o quarto título em 2001, contra o Corinthians.




No começo de 2001, o principal assunto no Olímpico era Ronaldinho. A tumultuada saída do jogador para o francês Paris Saint-Germain (PSG) em fevereiro daquele ano, sem gerar lucro algum para o Grêmio, criou um clima tenso no clube. No último jogo diante da torcida, contra o Figueirense, no dia 25 de janeiro, o então camisa 10 marcou um gol de falta e saiu vaiado pelos presentes no Olímpico.



— Eu cheguei ao clube em meio aquela situação do Ronaldinho, algo bem complicado. Mas, aos poucos, as coisas foram se acertando, ele acabou indo embora e o time teve condições de saber com quem poderia contar. Ganhamos o título estadual e tivemos a tranquilidade necessária para buscar a Copa do Brasil — lembra o ex-zagueiro Mauro Galvão.



E o time realmente acabou se acertando. Sob o comando do técnico Tite, bateu o Juventude na final do Gauchão. Além disso, contou com reforços importantes para iniciar sua caminhada na Copa do Brasil.



— Foi um ano em que as coisas encaixaram. No início, tivemos dificuldades. Mas depois o Tite acabou acertando a equipe. Tinha uma base do ano anterior e a chegada do Marcelinho Paraíba foi muito importante. Além dos garotos da base, como o Polga, o Eduardo Costa — complementa Galvão.



Na partida de estreia, um susto na cidade de Nova Lima, em Minas Gerais. Apesar dos dois gols do lateral Ânderson Lima, o Grêmio acabou derrotado pelo Villa Nova pelo placar de 3 a 2, no Estádio Castor Cifuentes.



Nada, no entanto, que não pudesse ser resolvido dentro do Olímpico. Na partida de volta, uma goleada por 4 a 1, com gols de Rubens Cardoso, Zinho e dois de Luís Mário, possibilitou o avanço do time de Tite para a segunda fase.



O adversário da vez: o Santa Cruz-PE. Fora de casa, uma derrota por 1 a 0 no Estádio do Arruda, em Recife. Resultado revertido com até certa facilidade dentro do Olímpico: 3 a 1 construído com dois gols de Rodrigo Mendes e um de Eduardo Costa. Vaga garantida nas oitavas de final para enfrentar o Fluminense.



Desta vez, a tarefa foi mais complicada. No primeiro jogo, no Olímpico, vitória magra por 1 a 0 com um gol de Marcelinho Paraíba. Na volta, o time comandado por Tite conseguiu segurar um empate em 0 a 0 no Maracanã e obteve uma vaga nas quartas de final para enfrentar o São Paulo. O confronto contra a equipe paulista foi considerado como um divisor de águas pelo grupo de jogadores na busca pelo tetra na Copa do Brasil.



— O São Paulo sempre é um adversário difícil. Quando buscamos a classificação lá, tivemos a certeza que nosso time tinha condições de buscar o título — lembra Galvão.



A forma como o Grêmio eliminou o São Paulo realmente empolgou não só o grupo de jogadores, como também a torcida. No jogo de ida, no Olímpico, o time de Tite construiu uma vantagem importante ao vencer por 2 a 1, com gols de Warley e de Marinho.



Na partida de volta, na primeira visita do Grêmio ao Morumbi naquela campanha vitoriosa, um jogo eletrizante. Marcelinho Paraíba mandou e desmandou. E até acabou expulso também. Com três gols do atacante gremista e um de Zinho, o time comandado por Tite venceu o São Paulo por 4 a 3. Vaga garantida para enfrentar o Coritiba na semifinal. Mérito de uma equipe acertada pelo técnico, na visão de Mauro Galvão.



— O time era muito compacto e lembro que o pessoal não guardava posição. Tinha uma grande movimentação do Marcelinho, do Luís Mário, do Rodrigo Mendes. Na defesa, o Tite montou uma linha com três zagueiros comigo, o Marinho, o Roger. Ele alternava com Polga de volante também. Além disso, toda a experiência do Danrlei também dava segurança ali atrás — comenta o ex-zagueiro gremista.



Na semifinal, o Coritiba não representou grandes dificuldades ao Grêmio. Na partida de ida, no Olímpico, o time saiu atrás no placar, mas reagiu com rapidez e construiu a vitória por 3 a 1 com gols de Warley, Zinho e Ânderson Lima. No jogo de volta, no Couto Pereira, um gol de Zinho garantiu a vitória por 1 a 0 e a vaga na final para enfrentar o Corinthians.



A equipe paulista era comandada por Vanderlei Luxemburgo, atual técnico do Grêmio. Marcelinho Carioca e Ricardinho eram os principais nomes corinthianos naquela época.



No primeiro jogo da decisão, em um Olímpico lotado por 50 mil gremistas, o time treinado por Tite começou a partida desatento e saiu perdendo por 2 a 0.



— O nosso time acabou não entrando com aquela vontade de decidir. O Corinthians se aproveitou disso e fez dois gols. Depois, o Luís Mário foi muito feliz com dois chutes de fora da área para empatar — recorda Mauro Galvão.



Reação que demonstrou a força do grupo para buscar o título daquele ano na Copa do Brasil. Um dos símbolos daquela conquista era o ex-lateral/zagueiro Roger, atual auxiliar técnico do time de Luxemburgo em 2012, que ficou oito meses afastado por conta de uma bactéria contraída durante uma raspagem subcutânea no joelho direito.



Ele ainda tem vivo na memória o clima do Morumbi ao receber pela segunda vez o Grêmio naquela campanha pelo título da Copa do Brasil.



— No jogo da volta, o Morumbi estava lotado. Entramos para aquecer e a torcida fazia um barulho ensurdecedor. Apesar disso, tínhamos o foco exclusivamente no jogo. O ambiente no grupo era de paz, estávamos tranquilos para decidir o título — lembra Roger.



Quem jogou no sacrifício foi Mauro Galvão. O zagueiro, que conquistaria sua segunda Copa do Brasil com a camisa tricolor, fez de tudo para participar do jogo derradeiro contra o Corinthians.



— Eu estava numa situação difícil, vinha com um problema no tendão. Mas não poderia ficar de fora da final. Conversei com os médicos, com o Tite e resolvemos arriscar — recorda, com um tom de satisfação em sua voz.



Sacrifício que se traduziu na quarta conquista do Grêmio na Copa do Brasil. O placar de 3 a 1 sobre o Corinthians naquele Morumbi lotado foi construído com gols de Marinho, Zinho e Marcelinho Paraíba.

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