sábado, 26 de outubro de 2013

Protagonistas das quatro conquistas relembram grandes jogos do Grêmio na Copa do Brasil Edinho, Cláudio Duarte, Roger, Evaristo de Macedo e Marcelinho Paraíba falam sobre grandes momentos na competição

Protagonistas das quatro conquistas relembram grandes jogos do Grêmio na Copa do Brasil Mauro Vieira/Agencia RBS
Marcelinho foi o destaque da conquista em 2001 da Copa do Brasil Foto: Mauro Vieira / Agencia RBS
Criada em 1989, a Copa do Brasil mantém, desde então, uma íntima relação com o Grêmio, o primeiro clube a conquistá-la. Já naquela época, percebeu-se o valor de uma competição que, embora bem mais curta, oferecia ao vencedor um prêmio igual ao Brasileirão, a vaga na Libertadores. Foi via Copa do Brasil que o Grêmio ganhou a América em 1995.
Foram quatro conquistas do torneio. Em 1989, com Cláudio Duarte, 1994, com Luiz Felipe Scolari, em 1997, sob o comando de Evaristo de Macedo, e em 2001, com Tite. O time ainda seria vice em 1991, derrotado pelo Criciúma, em 1993, batido pelo Cruzeiro e 1995, ano em que o Corinthians fez a festa no Olímpico.
Agora, com fórmula renovada, a Copa do Brasil vê outra vez o Grêmio como um candidato ao título, porta aberta com a dramática classificação à semifinal na decisão por pênaltis contra o Corinthians. Para chegar à final, dia 27 de novembro, será preciso passar duas vezes por Atlético-PR e Flamengo ou Goiás.
Em duas páginas, Zero Hora relembra histórias vividas nas quatro conquistas, contadas por personagens que ingressaram na galeria de heróis, atuando dentro e fora de campo.
* 16/8/1989, Flamengo 2x2 Grêmio, primeira semifinal
Mazaropi; Alfinete, Edinho, Luís Eduardo e Hélcio; Jandir, Lino e Cuca; Assis (Adilson Heleno), Kita (Nando) e Paulo Egídio.
Técnico: Cláudio Duarte
O zagueiro que entregava
O 16 de agosto de 1989 ainda segue na memória de Edino Nazareth Filho, o Edinho, hoje comentarista do SporTV. Com 15 minutos, o Grêmio já perdia por 2 a 0 para o Flamengo, na primeira partida pela semifinal da Copa do Brasil, mas o capitão do time enxergava a reação como algo iminente no Maracanã.
— Era um dos primeiros jogos do Júnior Baiano pelo Flamengo e eu lembro que ele falhava a todo momento. Cheguei a brincar com Zico: "esse teu zagueiro só faz m..." — sorri.
Não deu outra. Ainda no primeiro tempo, Paulo Egídio descontou. Aos 10 do segundo, Luís Eduardo empatou. Nos dois gols, Júnior Baiano foi envolvido.
Suspenso, Edinho não jogou a partida de volta. Nem fez falta.
— Vi todo o jogo da entrada do túnel, na escadaria. Ganhamos por 6 a 1 — conta o pai de Rafael e Renato, que, diferentemente do pai, passaram longe dos gramados e hoje formam a dupla de DJs Naza Brothers.
* 19/8/1989, Grêmio 6x1 Flamengo, segunda semifinal
Mazaropi; Alfinete, Vilson, Luís Eduardo e Hélcio; Jandir (André), Lino e Cuca; Assis, Kita (Almir) e Paulo Egídio.
Técnico: Cláudio Duarte
O time que corria por Assis
Campeão da primeira Copa do Brasil, o time montado em 1989 por Cláudio Duarte suava para que o garoto Assis pudesse desequilibrar. O resumo é feito pelo próprio treinador, citando o pulmão de Jandir, Cuca e Lino, o trio que dava sustentação ao meio campo. Livre da função de marcar, o guri da Vila Nova fazia a diferença com sua habilidade e chute poderoso. Naquele tempo, seu irmão, Ronaldinho, recém chegava à escolinha do clube. O resto da história a torcida não gosta de recordar. 
Se Edinho lembra com detalhes da primeira semifinal daquele ano, contra o Flamengo, Cláudio Duarte emociona-se com as memórias da segunda. Na goleada de 6 a 1, o destaque, segundo o então comandante, foi o ponta Almir, recém promovido da base, que abria brechas na defesa adversária pelo lado direito do campo. Na outra casamata, estava Telê Santana.
— Apesar do resultado, sei que nunca fui sequer um pedaço do que ele foi como treinador — diz Cláudio, 62 anos, pronto para voltar a treinar.   
* 3/8/1994, Grêmio 2x1 Vasco
Danrlei; Ayupe, Paulão, Agnaldo e Roger; Pingo, Jamir, Leônidas (Emerson) e Carlos Miguel; Fabinho e Nildo (Carlinhos).
Técnico: Luiz Felipe Scolari
Um centroavante que incomodava
Colocado à frente da área do Grêmio, um centroavante grandalhão, algo desajeitado, vestindo a camisa do Vasco, escorava bolas para os rápidos Willian e Yan, que vinham de trás tentando o chute. A cena repetiu-se com frequência no Olímpico, na noite de 3 de agosto de 1994.
— O centroavante era o Jardel e nos incomodou o jogo todo — sorri Roger Machado.
O atual auxiliar técnico de Renato Portaluppi tinha então 18 anos e ainda engatinhava entre os profissionais do Grêmio. A preocupação amentou quando Jardel sofreu pênalti.
— Por sorte, Willian desperdiçou. Quando Jardel saiu do jogo, tivemos um refresco — diz Roger.
O Grêmio, que havia empatado sem gols a primeira partida, no Maracanã, venceu por 2 a 1 e depois ganhou a final, contra o Ceará.
Aquela foi a primeira das quatro Copas do Brasil conquistadas por Roger, o maior ganhador desse título no país. As outras seriam em 1997 e 2001, pelo Grêmio, e 2007, pelo Fluminense, pouco antes de deixar os campos.
Hoje, ao ver Bressan, Alex Telles e Ramiro, todos garotos na faixa de 20 anos, ele recua quase duas décadas no tempo e enxerga a si mesmo, junto com Danrlei e Emerson dando os primeiros passos numa carreira que seria repleta de faixas e taças.
— 1994 foi o ano da nossa afirmação. Quem sabe 2013 não seja o desses garotos que vieram do Juventude? — diz.  
* 22/5/1997, Flamengo 2x2 Grêmio, segundo jogo da final
Danrlei; Arce, Rivarola (Luciano), Mauro Galvão e Roger; Otacílio, João Antônio, Émerson e Carlos Miguel; Paulo Nunes (Djair) e Rodrigo Gral (Marcos Paulo). Técnico: Evaristo de Macedo
Um time que não se assustava
Técnico campeão da Copa do Brasil de 1997, o carioca Evaristo de Macedo, hoje com 80 anos, não escalaria três zagueiros e três volantes, um dos modelos preferidos de Renato Portaluppi.
— Nunca fui adepto disso. Sempre gostei de atuar com dois bons zagueiros, um bom defensor no meio de campo e o restante do time jogando para a frente — sintetiza o ex-treinador, que aposentou-se depois de seis décadas no futebol, dentro e fora de campo, numa carreira que fez dele ídolo de Barcelona e Real Madrid nas décadas de 50 e 60.
Foi por conta desse estilo ousado de comandar que ele não se intimidou diante de um Maracanã lotado por quase 100 mil flamenguistas na final de 97. O Grêmio saiu na frente, com João Antônio, sofreu a virada, com gols de  Lúcio e Romário, e chegou ao empate por Carlos Miguel, em cruzamento de Roger. Somado ao empate sem gols do primeiro jogo no Olímpico, o 2 a 2 garantiu a taça.
— Meu time não era de se assustar. Sabia tocar a bola, não era só de briga, jogava também, dentro e fora de casa — recorda.
Flamenguista, Evaristo ficaria feliz com uma nova final contra o Grêmio. Só assim, diz, se animaria em voltar outra vez ao Maracanã. "Futebol, hoje, só pela televisão", diz.
* 23/5/2001, São Paulo 3x4 Grêmio, quartas de final
Danrlei; Marinho, Mauro Galvão e Polga; Anderson Lima (Gavião), Eduardo Costa, Tinga (Roger), Zinho e Rubens Cardoso; Marcelinho e Warley (Luís Mário).
Técnico: Tite
Marcelinho, anjo e demônio no Morumbi
Foram somente cinco meses com a camisa do Grêmio, período suficiente para que Marcelinho Paraíba seja lembrado com carinho ainda hoje pela torcida. Foram dois títulos, o Gauchão e a Copa do Brasil, entre a chegada, no início de fevereiro, e a despedida, no final de junho, quando foi vendido ao Hertha Berlim-ALE.
Claro, a Copa do Brasil teve muito mais relevância. Suas atuações, nas quartas de final, contra o São Paulo, no Morumbi, e na decisão, contra o Corinthians, no mesmo palco, o levariam pouco depois à Seleção Brasileira. No primeiro jogo, fez três dos quatro gols contra o São Paulo — vitória de 4 a 3, no Morumbi, sua antiga casa. Em cada um deles, ergueu a camisa para exibir a inscrição 100% Paraíba, sua marca registrada.
— Aquele jogo não sai da minha cabeça. Fiz tudo certo, só que acabei expulso. Foi uma coisa atípica — conta, direto de Varginha, a sede do Boa Esporte, seu clube atual.
Aos 38 anos, Marcelinho ainda quer jogar "mais uns três" antes de encerrar a carreira. Quando der, quer conhecer a Arena:
— Tenho muita saudade do Grêmio. Assisto todos os jogos. Torci bastante contra o Corinthians. Foi uma passagem curta, mas muito vitoriosa por aí.

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