segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Injeção de ânimo: como o Grêmio se remotiva para encarar o Atlético-PR Após goleada sofrida para o Coritiba, Renato e Rui Costa fazem trabalho psicológico com o grupo

Injeção de ânimo: como o Grêmio se remotiva para encarar o Atlético-PR Diego Vara/Agencia RBS
"Os jovens ficaram muito abalados. Mas o Renato conversou com todos", diz Rui Costa Foto: Diego Vara / Agencia RBS
Luiz Zini Pires, em Curitiba
De roupa azul, puxado para um tom mais escuro e sóbrio, como exigia a ressacada segunda feira tricolor pós-goleada de 4 a 0 para o Coritiba, no domingo, Rui Costa soltou uma frase que definiu o dia ensolarado e com um pouco de vento de um outono fora de época:

— Não vou levar o luto para quarta-feira — disse na beira de um dos bem aparados gramados do CT do Coritiba, em Colombo, cidade da região metropolitana da capital paranaense.

O péssimo resultado, que atingiu os alicerces da confiança da torcida gremista, não estava escrito na testa do diretor executivo, na da comissão técnica e nas dos jogadores reservas, que fizeram um treino leve com bola. Todos os titulares, salvo Rhodolfo, Souza e Ramiro, ficaram no hotel. Mas também não havia alegria, descontração e o riso solto dos vencedores. O Grêmio sentiu a derrota.

Já no vestiário do Estádio Couto Pereira, logo após a partida de domingo, Renato procurou conversar com o grupo. Falou com os mais experientes e os mais jovens. Rui entrou em seguida. Contatou os líderes e os garotos. Voltou a encontrá-los no hotel mais tarde. A conversa continuou na janta, depois, no café do dia seguinte, no almoço, que foi um pouco mais demorado.

O tom era um só. A derrota no Brasileirão não pode contaminar a Copa do Brasil. São campeonatos diferentes merecem comportamentos distintos. Tudo não passou de um acidente, segundo eles. Quando alguém pede prova, eles falam da colocação da equipe no Campeonato Nacional, um terceiro posto, e da posição na Copa do Brasil, uma semifinal.

— A média é boa e recomenda — garante Rui.

Por celular, Rui recebeu o apoio do presidente Fábio Koff, que cobrou também o péssimo desempenho do time, e do diretor Marcos Chitolina, que não foram ao Paraná. Os dois dirigentes devem chegar entre esta terça e quarta. Tratarão a mesma confiança que Rui tenta injetar na cabeça dos seus comandos nas últimas horas.

— Este é um grupo que conversa muito, que troca ideias. Que deixa que os mais garotos tenham voz também. Todos estão muito abatidos, um pouco machucados. Mas passa. A cumplicidade deste grupo me faz acreditar muito nele. A conversa olho no olho me dá a certeza.

Rui Costa olha para frente, encontra Renato no seu campo de visão, cuidando dos reservas no treino, e fala:

— Os jovens ficaram muito abalados. Mas o Renato conversou com todos. Entrou em ação. Ele faz muito bem este trabalho psicológico junto aos jogadores e eles acreditam nele. Eu disse para os atletas, “olha o que já foi feito no Brasileirão e na Copa do Brasil”. Não podemos esquecer.

Rui não perde uma certeza.

— Se é uma coisa que eu tenho é a confiança neste grupo. Veja o Dida, um campeão. A sua generosidade com os menos experientes é muito grande. Ele anima, nos reanima.

Depois que o executivo trocou de lugar e foi conversar com Renato do outro lado, Rhodolfo chegou para conversar com os jornalistas. Melhor zagueiro do time, um dos líderes do grupo, ele viu a tragédia do banco de reservas. Sua explicação pela má jornada dominical é simples:

— Temos quatro finais pela frente. São 360 minutos e o título. Não tem como não pensar nas próximas partidas. Mas não dá para desligar. Foi muita bobeira nossa.

Natural de Bandeirantes, cria do Atlético-PR, o adversário desta quarta-feira, acha que a Vila Capanema, o acanhado lugar do jogo, vai ferver.

— Conheço o estádio. A torcida local vai fazer uma pressão danada. Acho que o Atlético-PR buscará o ataque desde o comecinho da partida. Mas você sabe que eu nem escuto o grito dos torcedores. Fico tão ligado no jogo que só vejo a bola.

Rhodolfo não teme outro desastre na Copa do Brasil:

— O nosso grupo tem talento. Eu falei com o Barcos. Nosso time tem potencial pode nos dar o título que a torcida tanto quer. A competição é outra. Não vamos relaxar, oferecer cinco minutos de bobeira ao adversário.

A goleada ainda dói. Mas a confiança de alguns oferece algumas doses de ânimo, que poderão ser melhor avaliadas no treinos desta terça-feira no mesmo CT, quando todos os titulares entrarem em ação. Será possível observar se a alegria do Grêmio vencedor dos últimos meses voltou ou ficou trancada no velho estádio do Coritiba.

Nenhum comentário:

Postar um comentário