segunda-feira, 25 de março de 2013

Vice-presidente do Grêmio considera inviável manter relação Grêmio/OAS como está: "O clube não tem caixa"

A relação Grêmio/OAS, cinco dias antes da troca de chaves entre o clube (que cederá o Olímpico) e a empreiteira (que administra e encaminhará a Arena), não pode permanecer como está. A frase é do vice-presidente gremista Renato Moreira, que indicou que o Grêmio não tem caixa para manter um time competitivo caso persistam os pagamentos de valores acordados com a OAS.



— Muita coisa não está clara (com a parceria com a OAS). Preciso ainda de um parecer técnico para me manifestar e dizer "olha, realmente, o contrato traz 'x' recursos e 'y' de despesa", e isso precisa de uma análise técnico-financeira. O que está claro é que, do jeito que está, é inviável, porque o clube não tem caixa — disse Moreira, em entrevista aos jornalistas Marco Antonio Pereira e Luiz Augusto Alano, no programa Dose Dupla, da Rádio Gaúcha, na noite desta segunda-feira.




O dirigente reiterou que o clube precisa manter, em campo, um nível capaz de levá-lo à disputa de títulos como a Libertadores e o Campeonato Brasileiro. E que isso, com os custos mensais da parceria com a OAS, poderia se tornar cada vez mais difícil.



— Temos que considerar, também, que vivemos um período atípico no futebol brasileiro. Os preços foram nas alturas. Também somos reféns desse processo — declarou.



Confira a entrevista completa de Renato Moreira:



A entrevista de Odone

"Primeiro, eu só tenho a lamentar que um ex-dirigente do clube use as instalações do próprio Grêmio para fazer um trabalho político, de oposição, para criticar a gestão atual. Isso nunca ocorreu na nossa históira. É inédito. Não foi para conversar com o presiente do Grêmio, mas sim afrontá-lo. É um absurdo. Não tenho palavras. Só não vamos nos manifestar de forma mais contundente a pedido de Fábio Koff, que, pela sua experiência, nos passou voz de serenidade, para que aguardemos manifestação clara, objetiva, definitiva, não política, vazia de conteúdo, demagógica."



Troca de chaves: Olímpico/Arena

"Queremos transmitir aos conselheiros e associados as questões que nos preocupam, que são questões da gestão do clube. Para tanto, temos uma equipe de auditores financeiros analisando todos os contratos. Também foi contratrada uma equipe de engenheiros que vão verificar todas as condições para recebimento da Arena e entrega do Olímpico. Recentemente, também contratamos um profissional por indicação de Nestor Hein, da área do direito, que vai fazer uma análise ainda mais aprofundada das questões jurídicas. Oportunamente, em 10, mais tardar 15 dias, devemos repassar aos conselheiros."



"Descortesia" de Odone

"O presidente Paulo Odone, que hoje cometeu uma enorme descortesia, está convidado a ler pareceres de engenharia e jurídicos. Não estamos aqui fazendo campanha de terceiro turno, mas sim gerindo o clube e tentando encontrar uma forma de melhor administrar. Ele, como ex-presidente, deveria ter obrigaçao de ir à sala da presidência do Grêmio conversar com o presidente Fábio Koff e se somar na defesa dos interesses do Grêmio. Não vejo por que defender os interesses do parceiro, que é o que acaba ocorrendo com esse tipo de atitude. Fiquei muito aborrecido. Não esperava isso."



Time competitivo x custos

"Que o Grêmio cumpra com seus compromissos e mantenha o nível de qualidade da sua equipe, para que possa participar de uma Libertadores como está participando, com chances de vitória, para que possa jogar um Campoenato Brasileiro com chance de vitóiria. Não nos interessa nos apequenarmos para tentar não cair no Brasileiro ou para não ir muito além na Copa Libertadores. É essa a preocupaçao que nós temos. Lamento que o presidente Odone tenha omitido esse fato. Não entendi a razão.

A boa notícia é que amanhã (nesta terça) o presidente Koff, mais Duda Kroeff, estarão com as portas abertas. Conversei há pouco com o Koff e está confirmado almoço."



Política x técnicos

"Não vai ser uma manifestação política, mas sim técnica. Queremos o melhor para o Grêmio, que o clube seja administrado de uma forma viável. E infelizmente não está dando. Queremos ser leais no cumprimento das nossas obrigações. E também que nossa parceira cumpra os encargos que ela tem. Isso deve ser resolvido no mês de abril."



Prazos contratuais

"Temos um prazo contratual para a entrega (do Olímpico). Mas também a construtora tem um prazo contratual, que coincide na mesma data, que seria no último dia deste mês, para entregar o estádio (Arena) pronto. Não sou engenheiro. Por isso, contratamos uma empresa de engenharia, profissionais muito qualificados, que vão fazer análise e vão dizer 'olha, está apto a ser recebido, precisa mais esse ou aquele detalhe, ou reforma', a começar pela questão da interdição. Não podemos receber um estádio interditado. Precisamos de uma solução para isso."



Relacionamento com a parceira

"'Azeda' um pouco o humor, mas o Grêmio sempre deixou claro para a OAS (...). Conversamos com espírito de franqueza, com diálogo. Espero que as partes se sensibilizem no sentido de ver que não é bom para o Grêmio que a Arena faça um mau negócio, e para a Arena que o Grêmio se inviabilize, porque o clube é o único cliente do estádio. O que interessa para a gestora ter uma equipe que não possa disputar nada? Onde vai ficar a arrecadação? O associado paga enquanto o clube está bem. Ninguém (torcedor) vai a campo com time ruim. Alguns vão. Mas cai a arrecadação. Temos que ter equipe de qualidade para fazer o negócio render."



Números

"Esse número do (ex-)presidente (Paulo Odone) (...). Por isso que ele erra ao entrar no Estádio Olípmico sem pedir licença para o presidente atual, para falar mal dele, sem conhecer os números. O mínimo que se espera de um ex-dirigente, da altura de quem deu a entrevista hoje (segunda-feira), é um ato de cortesia, de educação. Ele vai perguntar primeiro qual a realidade, e a realidade vai mostrar que é um pouco diferente."



Aumento de gastos

"Claro que acresceu um pouco a folha em relação ao que o Grêmio gastava no ano passado. Tivemos que fazer contrataões: Barcos, Vargas, Welliton, André Santos, para citar algumas estrelas, e disputar uma Copa Libertadores em condições de vencê-la. O Grêmio não pode encerrar a disputa sem jogador para ter no banco. Óbvio que há um pequeno acréscimo, mas é inferior ao que a gestão passada implementou em face à gestão anterior."



Inflação

"Temos que considerar também um período atípico no futebol brasileiro. Os preços foram nas alturas. Também somos reféns desse processo."



Clube sem caixa

"Muita coisa não está clara (com a parceria com a OAS). Preciso ainda de um parecer técnico para me manifestar e dizer 'olha, realmente, o contrato traz x recursos, y de despesa", e isso precisa de uma análise técnico-financeira. O que está claro é que, do jeito que está é inviável, porque o clube não tem caixa."



Valores

"Confesso que não tenho presente todos os valores, de todas as transações. O fato é que o Grêmio, tendo a garantia, dará alguma verba em garantia. Ao longo do ano, (o clube) paga usando determinados 'recebíveis' em garantia. São operações normais. Em vez de dar um apartamento hipotecado, ao longo do empréstimo paga-se com a geração de caixa. Imagino que o financeiro do Grêmio faça isso, e que tenha feito ano passado e vai fazer sempre."



Problemas com associados

"Os sócios estão decepcionados pelo tratamento recebido no estádio (Arena). Não temos garantia de serviços mínimos oferecidos pela Arena Porto-Alegrense. Isso precisa ser corrigido. É inadmissível que o sócio ou torcedor vá ao estádio e tenha sua cadeira ocupada, que tenha dificuldades para ocupá-la, enfrente fila e vá embora. São vários detalhes, como cadeiras quebradas, são coisas que também precisam ser ajustadas com a parceria. E acho que o associado reclama com razão."



Pedido aos sócios

"O que se pede a ele (sócio) é um pouco de compreensão pela novidade do fato. Estamos saindo de uma relação de 50 anos com o Estádio Olímpico, quando éramos os senhores absolutos da gestão, e indo a um estádio em que não somos os donos da gestão. Temos que atender nosso sócio e nosso torcedor. É condição básica: o cliente tem que ser bem tratado, bem recebido, afinal, é ele que traz dinheiro para nós."



Geral do Grêmio

"Não podemos ficar com o estádio interditado. Tem que haver bom senso da parte do poder público. A construtora tem que entregar algo que seja seguro. Não se pode correr risco. Em primeiríssimo lugar, está a segurança das pessoas. Entendo a posição do Ministério Público, compartilho da opinião do MP, dos demais órgãos também, estou do lado deles. Eu também vou ao estádio. Racionalmente, vamos sentar e encontrar uma solução que possibilite ao clube, no caso, ao estádio, oferecer um ingresso um pouco mais barato para quem não pode comprar cadeira. E um ingresso seguro. É viável. Nâo é nada impossível e espero que nos próximos dias isso esteja devidamente solucionado."




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