sábado, 2 de novembro de 2013

o professor Renato no comando técnico do Grêmio Com o treinador, as cobranças aparecem com vontade nas palestras e nos intervalos, mas também

Luiz Zini Pires: o professor Renato no comando técnico do Grêmio Diego Vara/Agencia RBS
Técnico gremista reclama, usa palavras fortes, mas também dá direito de defesa Foto: Diego Vara / Agencia RBS
Luiz Zini Pires
Um graduado gremista explicou as diferenças entre Vanderlei Luxemburgo, 495 dias no Grêmio, e Renato Portaluppi, 124 neste domingo, no trato com os jogadores. Luxa exigia, mas não dava carinho. Renato cobra e oferece conforto. O atleta gosta e cria uma parceria.
Com Renato, as cobranças aparecem com vontade nas palestras e nos intervalos das partidas. Nunca logo depois dos 90 minutos, quando todos ainda estão com a cabeça fervendo das disputas em campo.
As análises pós-jogo de Renato nas concentrações servem como exemplo. Na sala de vídeo, tudo editado no telão, ele pinça lances. Quando há o erro, o técnico congela a imagem e chama a atenção de qualquer um na frente do grupo. Reclama, usa palavras fortes. Mas dá direito de defesa.
Um dirigente gremista disse que uma das especialidades de Renato é trabalhar a cabeça dos comandados. Por ter sido jogador famoso e craque, ele entende o boleiro, fala a sua linguagem. Nunca (mesmo) fala de futebol nas entrevistas. Prefere exaltar o grupo, “o meu grupo”, como gosta de repetir.

Renato está indignado com jornalistas gaúchos. Não esconde a irritação, porém também não dá nomes. Prefere generalizar. Acha que alguns não reconhecem o seu trabalho e nem admitem a melhora que o time teve desde o seu retorno ao clube, em junho: um posto no G-4 do Brasileiro e uma semifinal da Copa do Brasil.

No Paraná, depois da goleada do  Coritiba e antes da derrota para o Atlético-PR, ele estava incomodado. Não sorria nem para uma boa tarde. Disse que os críticos deveriam aplaudir o Grêmio, ele, seu grupo, "meu grupo".
Os jornalistas de fora do Estado acompanharam duas sessões de treinos no CT do Coritiba. Estranharam o método de trabalho de Renato e o acharam arrogante. Em duas tardes, com duas manhãs de folga, ele não ofereceu sequer 30 segundos de trabalho tático com os titulares. Explicou que “não daria armas ao inimigo”.

Com uma decisão perto e uma nova dupla de ataque, nem testou o time, que fracassou na noite de quarta-feira.
Quando jogador, Renato sempre foi polêmico. Falou alto, nunca mediu palavras ou aceitou a tutela dos dirigentes. O ex-camisa 7 é uma entidade no clube. É adorado, não recebe críticas internas, não há quem diga não.

A torcida o adora, mas gremistas de fé nas redes sociais já cobram um time mais equilibrado. Renato é um ídolo. Tratar com um, sem que ele desça do pedestal, é uma dor de cabeça que dirigente não cura com aspirina. É preciso uma medicina mais forte. A renovação do contrato é assunto indefinido. Uma certeza, porém, ronda os corredores cheios de fantasmas do Olímpico e as salas ainda sem alma da Arena: o título da Copa do Brasil renova automaticamente o contrato do treinador. Não há força viva tricolor capaz de dizer não

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