domingo, 22 de dezembro de 2013

Os desafios de Rui Costa: baixar a folha do Grêmio entre 30% e 35%, e montar time para ser tri na Libertadores Diretor-executivo concedeu entrevista na quarta-feira e mostrou entusiasmo com nova comissão técnica

Os desafios de Rui Costa: baixar a folha do Grêmio entre 30% e 35%, e montar time para ser tri na Libertadores Marcelo Oliveira/Agencia RBSCoube a dois advogados a engenharia de montar o Grêmio e o Inter para a próxima temporada. Os desafios parecem iguais, mas uma rápida análise mostra que, na verdade, são muito distintos. Rui Costa, 43 anos, precisa enxugar salários e, ao mesmo tempo, montar um time forte para buscar o tri da América.

Rui atendeu ao DG na quarta-feira, em sua sala no Olímpico. Menos de 24 horas depois, anunciaria Edinho, amostra da ousadia que pontuará suas ações em 2014.

Confira trechos da entrevista com Rui Costa:
Diário Gaúcho – Como será a engenharia de montar o grupo com a redução de folha?
Rui Costa –
A formatação será semelhante à do segundo semestre de 2013. Fizemos redução gradativa da folha e tivemos bom desempenho. Também precisamos usar a criatividade, que nos fez apostar nos jovens do Juventude e no mercado sul-americano. Precisamos apostar na formação de jogadores.
DG – Quantos reforços virão e e em que setores?
Rui –
Contratamos 19 jogadores em 2013. O investimento mais pesado foi feito no início da gestão. Não temos necessidade de contratar tantos jogadores. Apostando nos meninos da base e fazendo uma ou duas contratações pontuais, estaremos prontos. Perdemos Vargas e buscaremos alguém com essa característica de velocidade. Alguns de nossos jogadores são assediados e há a possibilidade de realocação de outros.


DG – A ideia é contratar titulares ou jogadores de grupo?
Rui –
Não iremos trazer só jogadores prontos. Às vezes, surge chance da qual não podemos abrir mão. Olha o caso do Maxi Rodríguez. Sabíamos que precisaria de período de adaptação, mas não podíamos deixá-lo passar. Vamos trabalhar com uma mescla. Buscar jovens promessas, como Alex, Bressan e Ramiro e trazer jogadores pontuais. Nossa ideia é ter a equipe pronta no dia 8 para a temporada
DG – O atual modelo de jogo do Grêmio não tem o articulador clássico. Para 2014, o Enderson terá essa peça no grupo?
Rui –
Estivemos dois dias aqui falando de futebol e questões táticas. Está bem claro para o Enderson a necessidade de aproveitar ao máximo as características dos jovens. Incluo o Maxi entre ele. Hoje, temos técnico com a possibilidade de otimizar esses jovens. Isso nos dará a possibilidade de vermos se o Maxi pode ser esse articulador, qual o espaço que o Jean Deretti poderá ocupar ou até um guri do sub-20.
DG – Qual será a filosofia de futebol do Grêmio?
Rui –
O Enderson bateu muito na tecla da transição rápida. Percebi que o conceito de futebol dele é de muita marcação, ocupação de espaço, disciplina tática e, acima de tudo, velocidade. O Enderson chegou muito tranquilo.
DG – Qual o percentual de corte exigido por Fábio Koff na folha salarial?
Rui –
O percentual gira entre 30% e 35%. Fizemos redução importante no segundo semestre. Hoje, nossa folha é normal no Brasil. O Grêmio é futebol, não adianta ter folha de R$ 2 milhões.

DG – Quanto do salário de Vargas e Dida será reinvestido no grupo?
Rui –
Não queremos só reduzir dígitos. Se não, mandaríamos todos embora. Se a obsessão fosse só financeira, montaríamos time com a gurizada e pagaríamos para ver. O que queremos é buscar um ponto de equilíbrio. Temos time quase pronto para 2014. O Grêmio voltou a ser vendedor, é a fonte de receita que alimenta esse modelo.
DG – O que você fará com os atuais altos salários?
Rui –
Atuarei com sinceridade e transparência. Vamos sentar caso a caso, colocando que temos a imposição de buscar equilíbrio financeiro. Não adianta dizer que vamos pagar os melhores salários e não cumprir o que está no papel. O Grêmio quer discutir, por exemplo, a questão do contrato de imagem, nos acordos em que é possível mexer.
DG – Como ficam os casos de Kleber e Barcos?
Rui –
Como falei, temos que chegar em um patamar, temos uma meta financeira. Esse objetivo será buscado com a troca do jogador mais experiente por um mais jovem, uma adequação contratual. Não é uma regra. Não vou sentar com os 30 jogadores e dizer que vamos reduzir em 20% os salários. Cada um tem uma realidade. Mas ainda precisamos evoluir muito para chegar ao patamar que queremos.
DG – O Enderson será o terceiro técnico na sua gestão. Qual a expectativa com ele?
Rui –
Ele chega em momento de muita convergência de ideias e compreensão de que o clube não tem condições de fazer grandes investimentos. Enderson tem tudo para vingar, é jovem, muito conectado com o que o Grêmio é como clube. Sem desmerecer o trabalho do Renato, acreditamos que o Enderson fará algo diferente.
DG – O investimento em um preparador do quilate de Fábio Mahseredjian também é para se adaptar a esse estilo de jogo que o Enderson deseja?
Rui –
Esse investimento tem lado estratégico e de equilíbrio. Teremos um técnico jovem, mas muito  competente, e uma referência mundial ao lado dele. Isso equilibra. Vamos gerar onda de mais comprometimento em um vestiário que jogou no limite mesmo com os salários atrasados.
DG – O fato de o Enderson ter sua primeira chance em clube de ponta exigirá mais respaldo da direção no vestiário?
Rui –
Sempre fomos presentes no vestiário. Por vezes, eu e o Marcos Chitolina (assessor de futebol) fomos fundamentais para que o vestiário estivesse bem. Era lenda que o Vanderlei Luxemburgo determinava espaços para ficarmos. Tanto eu quanto o Chitolina participamos de palestras. O chefe do vestiário é o treinador.
DG – O Grêmio precisa vender jogadores neste momento?
Rui –
O Grêmio precisa criar fonte de receita extraordinária. Ainda temos alguns compromissos em aberto de 2013 e precisamos começar o ano novo com fôlego para acertar o que ainda não foi pago. Precisamos vender um, dois ou três, não sei. Temos que cuidar para não baixar o nível técnico da equipe.

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