Rui atendeu ao DG na quarta-feira, em sua sala no Olímpico. Menos de 24 horas depois, anunciaria Edinho, amostra da ousadia que pontuará suas ações em 2014.
Confira trechos da entrevista com Rui Costa:
Diário Gaúcho – Como será a engenharia de montar o grupo com a redução de folha?
Rui Costa – A formatação será semelhante à do segundo semestre de 2013. Fizemos redução gradativa da folha e tivemos bom desempenho. Também precisamos usar a criatividade, que nos fez apostar nos jovens do Juventude e no mercado sul-americano. Precisamos apostar na formação de jogadores.
DG – Quantos reforços virão e e em que setores?
Rui – Contratamos 19 jogadores em 2013. O investimento mais pesado foi feito no início da gestão. Não temos necessidade de contratar tantos jogadores. Apostando nos meninos da base e fazendo uma ou duas contratações pontuais, estaremos prontos. Perdemos Vargas e buscaremos alguém com essa característica de velocidade. Alguns de nossos jogadores são assediados e há a possibilidade de realocação de outros.
DG – A ideia é contratar titulares ou jogadores de grupo?
Rui – Não iremos trazer só jogadores prontos. Às vezes, surge chance da qual não podemos abrir mão. Olha o caso do Maxi Rodríguez. Sabíamos que precisaria de período de adaptação, mas não podíamos deixá-lo passar. Vamos trabalhar com uma mescla. Buscar jovens promessas, como Alex, Bressan e Ramiro e trazer jogadores pontuais. Nossa ideia é ter a equipe pronta no dia 8 para a temporada
DG – O atual modelo de jogo do Grêmio não tem o articulador clássico. Para 2014, o Enderson terá essa peça no grupo?
Rui – Estivemos dois dias aqui falando de futebol e questões táticas. Está bem claro para o Enderson a necessidade de aproveitar ao máximo as características dos jovens. Incluo o Maxi entre ele. Hoje, temos técnico com a possibilidade de otimizar esses jovens. Isso nos dará a possibilidade de vermos se o Maxi pode ser esse articulador, qual o espaço que o Jean Deretti poderá ocupar ou até um guri do sub-20.
DG – Qual será a filosofia de futebol do Grêmio?
Rui – O Enderson bateu muito na tecla da transição rápida. Percebi que o conceito de futebol dele é de muita marcação, ocupação de espaço, disciplina tática e, acima de tudo, velocidade. O Enderson chegou muito tranquilo.
DG – Qual o percentual de corte exigido por Fábio Koff na folha salarial?
Rui – O percentual gira entre 30% e 35%. Fizemos redução importante no segundo semestre. Hoje, nossa folha é normal no Brasil. O Grêmio é futebol, não adianta ter folha de R$ 2 milhões.
DG – Quanto do salário de Vargas e Dida será reinvestido no grupo?
Rui – Não queremos só reduzir dígitos. Se não, mandaríamos todos embora. Se a obsessão fosse só financeira, montaríamos time com a gurizada e pagaríamos para ver. O que queremos é buscar um ponto de equilíbrio. Temos time quase pronto para 2014. O Grêmio voltou a ser vendedor, é a fonte de receita que alimenta esse modelo.
DG – O que você fará com os atuais altos salários?
Rui – Atuarei com sinceridade e transparência. Vamos sentar caso a caso, colocando que temos a imposição de buscar equilíbrio financeiro. Não adianta dizer que vamos pagar os melhores salários e não cumprir o que está no papel. O Grêmio quer discutir, por exemplo, a questão do contrato de imagem, nos acordos em que é possível mexer.
DG – Como ficam os casos de Kleber e Barcos?
Rui – Como falei, temos que chegar em um patamar, temos uma meta financeira. Esse objetivo será buscado com a troca do jogador mais experiente por um mais jovem, uma adequação contratual. Não é uma regra. Não vou sentar com os 30 jogadores e dizer que vamos reduzir em 20% os salários. Cada um tem uma realidade. Mas ainda precisamos evoluir muito para chegar ao patamar que queremos.
DG – O Enderson será o terceiro técnico na sua gestão. Qual a expectativa com ele?
Rui – Ele chega em momento de muita convergência de ideias e compreensão de que o clube não tem condições de fazer grandes investimentos. Enderson tem tudo para vingar, é jovem, muito conectado com o que o Grêmio é como clube. Sem desmerecer o trabalho do Renato, acreditamos que o Enderson fará algo diferente.
DG – O investimento em um preparador do quilate de Fábio Mahseredjian também é para se adaptar a esse estilo de jogo que o Enderson deseja?
Rui – Esse investimento tem lado estratégico e de equilíbrio. Teremos um técnico jovem, mas muito competente, e uma referência mundial ao lado dele. Isso equilibra. Vamos gerar onda de mais comprometimento em um vestiário que jogou no limite mesmo com os salários atrasados.
DG – O fato de o Enderson ter sua primeira chance em clube de ponta exigirá mais respaldo da direção no vestiário?
Rui – Sempre fomos presentes no vestiário. Por vezes, eu e o Marcos Chitolina (assessor de futebol) fomos fundamentais para que o vestiário estivesse bem. Era lenda que o Vanderlei Luxemburgo determinava espaços para ficarmos. Tanto eu quanto o Chitolina participamos de palestras. O chefe do vestiário é o treinador.
Rui – O Grêmio precisa criar fonte de receita extraordinária. Ainda temos alguns compromissos em aberto de 2013 e precisamos começar o ano novo com fôlego para acertar o que ainda não foi pago. Precisamos vender um, dois ou três, não sei. Temos que cuidar para não baixar o nível técnico da equipe.
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