Atacante fez os dois gols na vitória do Grêmio em cima do Hamburgo, em Tóquio
Renato Gaúcho dribla para fora, diante de dois marcadores, prepara a
perna e chuta forte. A bola entra no canto e do gol e também para o
imaginário do torcedor. Há exatos 32 anos, o Grêmio vencia o Hamburgo,
da Alemanha, e se sagrava campeão mundial. A partida em Tóquio, no
Japão, também serviu para consagrar o camisa sete como ídolo e criar uma
marca que durou mais de duas décadas: a de tirar onda do rival com a
maior glória possível.
A vitória pelo placar de 2 a 1, na
prorrogação, coroou uma temporada de muito trabalho e luta do Grêmio.
Elevou Fábio Koff ao status de presidente histórico, mas Renato foi quem
mais mudou de patamar. De promessa da base para herói. Ídolo extremo.
Símbolo do clube.
Com os dois gols marcados diante do Hamburgo,
Renato (que no Rio Grande do Sul é Portaluppi e no resto do Brasil é
Gaúcho), assumiu a personalidade do Grêmio pós-moderno. Deixou para trás
nomes como Gessy, Airton, André Catimba, Alcindo. Tatuou no
inconsciente do torcedor que era preciso ter mais do que qualidade.
Com os chutes do camisa sete, o Grêmio foi ao topo e levou junto seu
prodígio. Renato estourou sendo ousado, mas com boa dose de raça. De
força. Descolou a imagem do Grêmio técnico dos anos de 1960 e inseriu a
semente do time que anos depois abraçou a pecha de ser copeiro. Raçudo.
Iniciou, com Baidek, China e companhia, um processo que transformou a
identidade do clube.
Naquele 11 de dezembro de 1983, Renato
foi decisivo. Fez 1 a 0 aos 37 minutos de jogo, mas assistiu Schoreder
empatar aos 40 do segundo tempo. A vitória que parecia encaminhada
diante do rival alemão se arrastou mais. Na prorrogação, ele marcou de
novo. Nenhum outro chute fez tenta diferença na história do Grêmio. E só
podia ter sido de Renato.
De 1983 até 2006, o Grêmio tinha tudo
e o Inter não tinha nada, na visão dos gremistas. Campeão mundial, com
dois gols do maior ídolo na final. A corneta histórica pode ter perdido
força recentemente, pela ascensão do Colorado, mas a idolatria e as
lembranças da manhã de domingo de um dezembro dos anos 1980 seguem
firmes.
O adversário, Hamburgo, era recheado de jogadores de
seleção. Apenas dois dos titulares não tinham passagem pela seleção
alemã, e um dos atacantes defendia a seleção da Dinamarca. Desfalcado de
três jogadores, os alemães não conseguiram segurar o Tricolor.
Polêmica e time de 'bad boys'
O Grêmio era um time considerado formado por jogadores
'indisciplinados'. Renato Gaúcho, Paulo César Caju, Mário Sérgio Pontes
de Paiva, todos com fama de 'bad boys' na época. Mas o comando de Valdir
Espinoza conseguiu unir todos pelo objetivo.
E uma polêmica
surgiu muitos anos depois do título gremista. Paulo César Caju, quando
lançou uma biografia em 2006, relatou que alguns dos atletas do tricolor
teriam tomado 'bolinhas' oferecidas por um supervisor. Estariam
dopados. O clube procurou o ex-atleta para explicações na ocasião.
"Na véspera do jogo, dois jogadores convocaram uma reunião com o
supervisor mais o treinador. Rolou o papo de que iríamos decidir a final
de uma mundial... precisávamos tomar bolinha para ter um rendimento
melhor. Eu reagi na hora: 'eu nunca tomei bola na minha vida ... vou
jogar do mesmo jeito porque me preparei'... Não escondi que tinha
começado a cheirar e estava bebendo. E ressaltei: 'agora estou limpo,
não admito nenhum tipo de droga...'. Meu discurso valeu pouco... a
maioria do time tomou droga e aquilo me deixou muito triste....
Considerei condenável a atitude daquele jogador, para mim por pura
covardia. Guardei comigo, entalada a lembrança", diz trecho do livro de
Caju.
assista na integra jogo completo
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